De Controle de Desktop a Cache para Agentes: A História da Pig.dev
Uma decisão surpreendente movimentou o ecossistema de startups focadas em inteligência artificial. A Pig.dev, participante do prestigioso programa Winter 2025 do Y Combinator, abandonou uma tecnologia potencialmente revolucionária que prometia controlar desktops Windows através de agentes de IA.
Em maio, o fundador Erik Dunteman anunciou publicamente que estava deixando de lado essa inovação para pivotar completamente sua empresa. O novo foco? Muscle Mem, um sistema de cache para agentes de IA que permite otimizar tarefas repetitivas.
O Potencial Perdido da Automação Windows
Embora mudanças de direção sejam comuns em startups em estágio inicial, o caso da Pig.dev chamou atenção por um motivo específico: a empresa estava trabalhando no “computer use” – uma das principais barreiras que impedem os agentes de IA de serem verdadeiramente úteis no ambiente corporativo.
Durante um podcast do Y Combinator, o parceiro Tom Blomfield comparou a Pig.dev ao Browser Use (outra empresa graduada pelo Y Combinator), mas voltada para desktops Windows. O Browser Use ganhou notoriedade quando foi utilizado pela ferramenta chinesa Manus, que se tornou viral nas redes sociais.
“A tecnologia do Browser Use essencialmente escaneia botões e elementos de websites, transformando-os em um formato mais digerível e ‘textual’ para os agentes, ajudando a IA a entender como navegar e usar o site.”
Os Desafios do Mercado
Em sua explicação sobre a mudança de rumo, Dunteman revelou as dificuldades enfrentadas ao tentar monetizar a tecnologia:
- Primeiro tentativa: Ofereceu o produto como API na nuvem – os clientes não demonstraram interesse
- Segunda tentativa: Reposicionou como ferramenta para desenvolvedores – novamente sem sucesso
- Descoberta crucial: Os usuários queriam contratar um consultor para criar automações específicas, não uma ferramenta genérica
“O que os usuários no espaço de automação de aplicativos legados realmente querem é me entregar dinheiro e receber uma automação”, explicou Dunteman. Essencialmente, eles buscavam um serviço consultivo personalizado, não uma plataforma de desenvolvimento.
A Nova Direção: Muscle Mem
Mesmo abandonando a automação Windows, Dunteman não desistiu completamente do problema do “computer use”. Sua nova solução, Muscle Mem, ataca a questão por outro ângulo.
A ideia é permitir que agentes de IA transfiram tarefas repetitivas para o serviço Muscle Mem, liberando capacidade computacional para focar no raciocínio de novos problemas e casos extremos.
“O que estamos trabalhando agora é diretamente inspirado e aplicável ao computer use, apenas na camada de ferramentas para desenvolvedores. Permaneço muito otimista sobre computer use como ‘a última milha'”, declarou à IAFeed.
Microsoft Lidera a Corrida
Enquanto startups lutam para encontrar o modelo de negócio ideal, a Microsoft emerge como líder nesta corrida tecnológica:
- Abril 2024: Anunciou tecnologia de computer use no Copilot Studio para interfaces gráficas Windows (em preview de pesquisa)
- Maio 2024: Lançou ferramenta agêntica no Windows 11 para ajudar usuários finais a gerenciar configurações
O Futuro dos Agentes de IA
Durante discussões no podcast, especialistas como Amjad Massad (fundador do Replit) destacaram que o uso prolongado de computadores por agentes – medido em horas, não minutos – ainda representa um obstáculo significativo. À medida que a janela de contexto para raciocínio cresce, a precisão dos agentes diminui enquanto os custos dos modelos de linguagem aumentam.
A recomendação dos investidores é clara: “aplicar tecnologias como Browser Use ou automação Windows em setores corporativos verticais específicos”.
Apesar da mudança de direção da Pig.dev, o consenso permanece: quando essa tecnologia finalmente funcionar de forma consistente, as empresas que a dominarem estarão posicionadas para um sucesso extraordinário no mercado de automação empresarial.
